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A carreta descendo a serra

O governo, ao declarar e assinar que somente começará a preencher parte do efetivo da Brigada Militar quando o Estado estiver com contas equilibradas, evidentemente que está se valendo da mídia, e não poderia ser de outra forma, para dar este recado, em primeiro plano, à sociedade, que, indefesa, será atingida com gravidade pela medida. O alerta também é dirigido aos profissionais e às lideranças dos cinco segmentos da pasta da Segurança Pública, que são, além da Brigada, Polícia Civil, IGP (Instituto-Geral de Perícias), Susepe (Superintendência dos Serviços Penitenciários) e Corpo de Bombeiros. Ainda que sem verba para o lanche, sigam-me.

A carreta

A partir disso, o Piratini continuará a receber o clamor público, as reivindicações de prefeitos, vereadores e líderes comunitários com ouvidos de mercador. A cascata de aposentadorias de policiais não poderá ser contida, os desvios de função serão mantidos por falta de força política para enfrentar as eminências pardas, a limitação de combustível e de diárias serão quesitos que reduzirão a rodagem de viaturas e a mobilização de equipes de investigação. Este mesmo recado chega à bandidagem que terá refresco, no mínimo, até o final deste ano. A contravenção – jogo do bicho à frente – já tolerada solidificará postos de arrecadação de apostas e os pilares da corrupção tradicional. Sem forças para enfrentar a criminalidade, o assédio aos contraventores poderia até colocar a polícia sob suspeição. Assim vai a nossa carreta descendo a serra. Lá no fundo do vale, talvez até comece a dar lucro. Wanderlei Soares

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