Água da chuva e das enchentes inviabilizam que terras retinham umidade. Produtores de 405 dos 497 municípios do RS registraram perdas na produção.
Por G1 RS
A Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) estimou em 2,7 milhões de hectares o solo que perdeu fertilidade a partir do impacto das enchentes e dos temporais no Rio Grande do Sul. Produtores de 405 dos 497 municípios do estado relataram problemas.
Após ser atingida, a terra perde a capacidade de reter umidade, o que dificulta a prática da agricultura. Com isso, os prejuízos se arrastam por meses, junto com a recuperação do solo, revela Elaine Conte, mestra em Ciência do Solo e doutora em Biotecnologia da UCS.
“Se perdeu matéria orgânica. E essa matéria orgânica é um suporte que dá ao solo. Então, tem várias funções. Entre elas, aumentar a capacidade do solo de reter nutrientes, de fornecer nutrientes pras plantas. Ela agrega ao solo, ela segura, retém umidade”, disse a especialista.
Erosão do solo afetou produtores de 405 municípios do RS — Foto: Reprodução/RBS TV
Ainda sim, há a possibilidade de recuperar o solo, se ele receber nutrientes, análise e assistência técnica adequados. “Isso vai refletir, sim, infelizmente, ainda nas plantas para os próximos meses ou anos”, complementa Elaine.
Com 12 microrregiões do estado atingidas, o Palácio Piratini revela que o custo para recuperar os solos afetados gira em torno de R$ 16 bilhões e que tem intenção de ampliar ofertas de crédito. Ainda sim, o maior desafio é que os produtores e as famílias permaneçam nas propriedades.
Produtor rural revela drama que enfrenta com parreirais de uva — Foto: Reprodução/RBS TV
“Não tem mais o que fazer porque ficou muito buraco, muito vala. Toda aquela parte de matéria orgânica que tinha por cima da terra a água levou embora praticamente tudo”, disse o produtor rural.
Além das propriedades rurais, o governo estadual estima que 4.521 km de ruas, avenidas, estradas e rodovias foram atingidas em todo estado. O intervalo é superior à distância para atravessar o Brasil de norte a sul, nos 4.397 km que separam o Monte Caburaí, em Roraima, e o Arroio Chuí, em Santa Vitória do Palmar.